✦ 𑊒 𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗧𝗪𝗢, 𝟬𝟮
𓂃 𓈒 𓏸 ՙִՙ você é a raiz quadrada
de dois? Porque eu me sinto
irracional ao seu redor. 𖥻 ٫ •᎑• ໋
જ ⌗ . CAPÍTULO DOIS, 02.
◠ ▬▭▬▭▬ ꐑ • ᴥ • ꐑ ▬▭▬▭▬ ◠
▬▬▬▬▬▬▬▬ your home em:
02. CACHOEIRA DOS (IN)DECENTES.
A MAIORIA DOS JOVENS JÁ ESTAVAM prontos para se aventurar em uma das várias atividades do parque. Andando por apenas um quilômetro para o lado norte, após curtirem a tirolesa, eles passariam boa parte do dia na "cachoeira dos (in)decentes" ─ apelidada desse jeito na época em que eles estudavam na Haewadal, depois dos boatos, que não eram tão boatos assim, de alunos se pegando.
Com barracas montadas há apenas alguns metros da cachoeira e algumas mesas de madeira no local, era comum passar o dia naquela área e voltar para o acampamento antes do sol se pôr. Os monitores do local sempre levavam lanches e almoço durante o dia, além de muita água para sobreviver aquele calor. Então era tudo sempre muito bem organizado.
Mas para chegar até a cachoeira dos indecentes existiam dois caminhos: um passeio completo através da tirolesa, que tinha seu destino final na cachoeira, ou para aqueles que tinham medo ou não estavam dispostos, desciam com um dos guias por uma estrada.
─ Tem certeza que você não vai? ─ Hyunjae perguntou a Joshua, que bufou e revirou os olhos já impaciente. ─ Você não vai sozinho, então acho que não seria tão ruim.
O garoto não estava falando por mal, ele sabia que Minho tinha um medo de altura inexplicável, só queria que ele se divertisse. Não tem como o culpar... Hyun não sabia que o medo de altura de Josh era muito mais do que uma fobia comum. Tinha toda uma história por trás que apenas Sarang e Watanabe sabiam. Sarang, por ser sua melhor amiga e Watanabe, por querendo ou não, ser seu irmão.
─ Cara, eu já te disse, não. ─ O Park respondeu pela milésima vez. Não estava com raiva do seu amigo, entendia o ponto dele, mas falar sobre seu medo de altura era sempre um saco. ─ Se diverte você, lá embaixo eu te encontro.
─ Vão ter outras coisas muito legais pra você fazer, prometo. ─ Sarang falou para disfarçar, bagunçando os cabelos de Joshua. Ela riu, apesar da cara de sono dele. ─ Trouxe sua câmera? ─ Perguntou. ─ Eu deixei a minha lá no chalé, mas trouxe a GoPro pra gravar quando descer.
Joshua levantou a câmera digital pendurada no pescoço e mostrou para ela. Sarang gostava de gravar vídeos por diversão e tirar fotos, mas tinha certeza que não conhecia ninguém mais viciado nisso que Byeol, Jiseong, Joshua Park e Ha Jisoo. Eles basicamente nasceram com uma câmera fotográfica nas mãos.
─ Tiro algumas e te mando. ─ Minho não esperou nem que Love respondesse, sendo mais rápido o suficiente para erguer a câmera no rosto dela e tirar uma foto. ─ Essa ficou ótima!
─ Manda essa pra mim! ─ Achando que tinha sido uma foto engraçada, Hyunjae pediu. Seria uma das várias fotos que usaria como meme para zoar seus amigos.
A Byeol quis ver, mas o rapaz afastou o visor da câmera. Apesar das insistência e tentativas falhas de puxar para ver como a foto havia ficado, ele era mais alto e levantou os braços o suficiente para que a mesma não alcançasse.
─ Porquê vocês estão de bom humor uma hora dessas da manhã? ─ Seung resmungou, passando a mão pelos cabelos. Não conseguiu segurar o milésimo bocejo. Acordar de manhã era sempre um sacrifício. ─ Ei, irmãzinha, o Anakin está te chamando.
Seun apontou para o garoto, recolhido em um canto e encostado em uma pedra ─ aparentemente olhando para os lados um pouco assustado. Diferente de Sarang, que não tinha colocado apenas o capacete, Anakin segurava o próprio equipamento de segurança contra o peito. Não havia colocado nada.
Love acenou para o irmão com um sorriso de agradecimento e saiu para conversar com o Kwon.
─ Kiki, aconteceu alguma coisa? ─ A garota questionou. Ela o analisou por inteiro, apenas precaução, mas não tinha nada demais. As roupas mais fechadas e compridas, bem diferentes da maioria dos colegas, era normal para Sarang.
─ Acho que... eu não vou. ─ Anakin respondeu, baixando o olhar. Não estava com medo da tirolesa em si, apesar de ter feito esse passeio apenas uma vez.
─ É porquê você vai com outra pessoa, é isso? ─ Adivinhando o que o Kwon não queria que ela soubesse, o mais novo fez uma careta "brava". Pensando em como era possível ela descobrir algo tão rapidamente. ─ Para de fazer essa cara, eu já descobri.
─ Eu não vou com ninguém! ─ Iniciando a disputa de quem seria mais teimoso, ele já negou.
─ Você pode ir comigo se quiser. ─ A ruiva deu essa opção. Tudo que ela queria era que ele se divertisse, então com certeza iria com ele se isso o deixasse mais confortável.
─ Claro que não, você tem que ir com outra pessoa! ─ Após ser um pouco menos lerdo e entender o que as meninas quiseram dizer no outro dia, e bom, o que até mesmo ele já sabia, Anakin não gostaria de estragar nada.
─ Vai logo com ela e para de reclamar. ─ Watanabe resmungou de volta, educado como sempre.
E como esperado, Kini negou mais uma vez e os dois discutiram isso por pelo menos uns dois minutos. Com Watanabe e Anakin dizendo "não" e "sim" um para o outro e Sarang tentando intervir, como sempre. Uma cena mais comum que o imaginável ─ de todo modo, isso queria dizer que eles se davam bem o suficiente.
─ Tá, eu vou com outra pessoa! ─ Tendo um com conversas positivistas e o outro, falas mandatórias, ele se rendeu. Querendo ou não ele também topou na tentativa de arrumar um namoradinho, então precisava tentar. ─ Como que coloca isso aqui?
Com toda delicadeza do mundo, o Tadashi chiou ao pegar os equipamentos das mãos do Kwon. Vendo que Watanabe ajudaria, Sarang segurou parte do equipamento para ajudar e observou seu melhor amigo equipar voluntariamente Anakin ─ esse, que se manteve imóvel o tempo todo. Kini olhou para Love e arqueou uma sobrancelha, e respondendo pelo olhar, Sarang fez uma expressão de "também não entendi, só aceita".
No final ele checou se havia colocado tudo certo, e até mesmo colocou o capacete branco de proteção no topo da cabeça do Kwon ─ fazendo o mesmo com Sarang que antes, estava sem o seu.
─ Uau, Tata, você é bom nisso! ─ A Byeol elogiou, achando além de habilidoso, fofo o gesto do Tadashi. Um homem de muitas habilidades, ela diria... se resolvesse falar.
Watanabe pôs a mão direita na cintura, olhou para o lado, passou a língua por cima dos dentes e sorriu convincente. Receber um elogio de Sarang era sempre um ponto diferenciado na relação deles.
─ Isso foi legal. ─ Anakin murmurou, olhando para o próprio corpo, agora, muito bem equipado. Ele não era muito disso, mas o jovem até sorriu ao perceber que Watanabe era muito mais gentil e atencioso do que ele imaginava.
Também com seus equipamentos em mãos, Aurora Lee e Olivia Fane aproximaram-se dos amigos. Com expressões um tanto desconfiadas, as duas intercalaram seu olhar entre Sarang e Watanabe e sorriram. Nenhuma das duas haviam conseguido colocar seus equipamentos, por mais que não parecessem tão difíceis. Seulgi por ser muito lerda, e Liv por não ter realmente uma prática.
─ Não. ─ O Tadashi negou, balançando a cabeça negativamente.
─ A gente acabou de ver você colocando no Anakin! ─ A Fane falou, apontando para o garoto próximo da parede de pedras. Ela tentou colocar antes, mas quando viu que Watanabe conseguia mais rápido, pensou em fazer o que de vez em quando fazia: pedir a ele.
─ Eu não sou pai de vocês. ─ O Choi retrucou, cruzando os braços. Uma cena bem comum, mas sempre admirável, já que Watanabe estava tão malhado, que os braços definidos e o peitoral ficava sempre à mostra. E bom... ele não ajudava muito usando suas regatas pretas.
Watanabe era quase o escravo das garotas nos Estados Unidos. Apesar da cara fechada e fingir que odiava quando lhe pediam as coisas, ele não conseguia negar ajuda. Então as meninas se aproveitavam, sabendo que isso não o incomodava de verdade. Poucos homens hoje em dia ajudavam tanto quanto ele gostava ou queria ajudar, e isso era fofo.
─ Você é quase isso. ─ Aurora respondeu, cruzando os braços de volta, assim como ele. Depois de Sarang, ela com certeza era a que mais implicava com o Tadashi de propósito. ─ Quando a gente sai, você sempre cuida da gente.
─ Vocês não deveriam pedir isso ao cara ali? ─ O mais velho apontou para o instrutor, que conversava com uma outra mulher que trabalhava no local.
─ Ele vai verificar antes de descer. ─ Love disse, dando de ombros.
As instruções para por o equipamento foram mais para adiantar o processo, já que haviam muitas pessoas. Mas o instrutor treinado iria revirar se o equipamento estava bem montado e arrumar a dupla antes de descer na tirolesa, então não tinha nenhum problema ou perigo.
Ha Jisoo pulou ao lado de Sarang e lhe deu um susto. A garota, que se assustava com muita facilidade, pôs a mão no coração e com a outra, deu um soco no ombro direito do melhor amigo. Ele, apesar de sentir uma pontada no ombro ─ já que mesmo sendo pequena, ela era bem forte, sorriu ao ver a cara assustada.
─ Dá próxima vez eu te mato! ─ Sarang odiava sustos, porque ela sempre sentia que estava prestes a morrer quando tomava algum. ─ E a câmera? Resolveu?
─ Você não conseguiria. ─ Haji retrucou, convencido. De fato, ele tinha toda razão, a Byeol nunca faria isso. ─ Deixei com o Joshua, já que ele não vai descer na tirolesa... Você disse que ele cuida bem e bom, eu acredito em você.
Jisoo estava com medo de perder sua bolsa com a câmera e os cartuchos, e como não podia descer com ela na tirolesa, iria pedir para um dos monitores que iria para a cachoeira por outro caminho, levar. Mas ele era paranóico e com certeza ficaria com medo que alguém perdesse. Então, falando com Sarang, ela acabou lembrando que o Park, além de gostar muito de câmeras era muito cuidadoso.
Watanabe apenas ignorou esse fato, assim como qualquer coisa que envolvia o irmão ─ quer dizer, ele fingia bem.
─ Nossa, faz tempo desde que a gente veio aqui em. ─ Namdong falou, passando os braços por cima dos ombros de Sarang e Jisoo. Mesmo com os braços pendurados, ele conseguia mexer as mãos para falar com o Ha. ─ Não mudou quase nada.
Os amigos de Jisoo acabaram entendendo que, apesar dele entender o que eles estavam falando, o rapaz gostava quando podiam se comunicar com ele utilizando a língua de sinais. Mesmo com alguns errinhos ou confusões, eles faziam questão de se comunicar assim e incluí-lo. Pois, se pondo no lugar dele, deveria ser muito chato ter que ficar intercalando seu olhar o tempo todo entre as bocas dos outros para entender.
─ Dizer isso parece que a gente é bem velho. ─ Jisoo riu, por mais que no fundo, soubesse que eles estavam mesmo mais velhos. Não tanto que pudessem se chamar de idosos, mas o suficiente para sentir cansaço só de acordar.
Já prontas, Lee Hyejin e Park Jieun juntaram-se ao grupo. Ambas estavam com seus equipamentos e roupas de banho mas, diferente de Sarang e Aurora que vestiam biquínis, elas e Olívia usavam um maiô composto. Cada uma, com seu estilo. Olívia e Hyejin com sua grande timidez ─ apesar da Fane estar mais confiante, ao lado de tantos colegas, ficou um pouco tímida. E Jieun, que apesar de ser tão linda quanto todas as outras, tinha alguns problemas de autoestima em relação ao seu corpo... principalmente por causa de uma cicatriz na barriga.
─ Oi gente! ─ Hyejin os cumprimentou educadamente, acenando para eles. Mesmo que não fosse tão familiarizada com a língua de sinais, se lembrava de algumas palavras que aprendeu com Sarang e quis usar já que Jisoo estava ali. ─ Vocês estão muito lindos.
─ Você também, Hyejin. ─ Disse o Kang, com um sorrisinho abobalhado no rosto. O óculos de sol no topo da cabeça dava um charme e o sorriso branquinho digno de uma aprovação do dentista, era muito bonito.
Pode-se ouvir um "hm" da rodinha de amigos, que deixou, principalmente, Hyejin bastante envergonhada. A Lee, com as bochechas já ficando vermelhas, olhou para as amigas, mas Sarang e Jieun, como não eram nem um pouco quietas, com certeza entraram na onda e fizeram cada uma um singelo coraçãozinho com as mãos.
─ Qual é a do Joshua e da Jangyuri, eles não vão descer mesmo não? ─ Jieun perguntou, interessada em apenas provocar com o fato de que o garoto aparentemente tinha "medinho" de altura. Já com a Kang ela não tinha nenhum problema, só não a conhecia, então por isso perguntou. ─ Eu achei que seu amigo era muito corajoso.
─ Deixa de ser implicante. ─ Taeyang empurrou levemente o braço da Park, apenas para irrita-la. Jieun fez uma careta, dando um tapinha leve no braço do surfista. ─ Todo mundo tem medo de algo.
─ Ele aparentemente não tem. ─ Jieun deu língua para Hope, como uma criança. Não é porquê ela falou com Minho por alguns minutos e veio com ele no carro, que os dois eram amigos. Ela ainda tinha uma visão um tanto ruim de Joshua... o tempo do colégio deixou essa impressão.
─ Senhorita Byeol!
O mesmo jovem que avisou sobre a tirolesa estar pronta, chegou ao lado de Love com uma prancheta. Por mais que tivesse uma idade próxima da deles, sendo talvez, um ou dois anos mais velhos que qualquer um ali, curvou-se para cumprimenta-los. Eles fizeram o mesmo.
─ Todos já escolheram com quem vão? ─ Ele perguntou, olhando ao redor. Como Sarang era quem estava organizando tudo, juntamente com o acampamento, ele sempre se comunicava com a ruiva. ─ O senhor Yang, nosso instrutor, disse que está tudo pronto!
─ Claro, acho que a maioria já sabe com quem vai. ─ Como se tivesse toda certeza do mundo, ela confirmou.
─ Mas eu não sei. ─ Jisoo retrucou, olhando confuso para a amiga.
─ Nem eu. ─ Hyejin também disse.
─ Eu também não. ─ Anakin falou baixinho, levantando a mão.
─ Eu tenho. ─ O Tadashi respondeu, fazendo um biquinho e dando de ombros. Definitivamente, ele queria fazer inveja e se orgulhar por saber que ele iria com Sarang. Por outro lado, se Jisoo pudesse se comunicar com ele naquele momento, diria algo como "claro, esfrega na nossa cara, mesmo que você esteja indo e fingindo que vocês são só amigos".
A Byeol suspirou e olhou para eles, pensando "tudo bem, não posso querer que eles advinhem tudo sozinhos". Na cabeça dela parecia meio óbvio, mas ela esqueceu que era só na cabeça dela... por enquanto.
─ Ele vai comigo. ─ A voz do irmão mais velho de Sarang surgiu como um fantasma atrás de Ha Jisoo. E, sendo extremamente atacante... bem, da maneira errada, ele se ofereceu como um tributo dos jogos vorazes.
─ Não vou não. ─ Jisoo, com a cara fechada, falou.
Tentando controlar sua ansiedade ─ o que não funcionou muito bem da última vez, mas aparentemente estava funcionando agora, Haji o rejeitou. Tudo bem que ele sonhou algum dia reencontrar com Seun, mas não imaginou que seria daquele jeito. Ou que bem... O Byeol simplesmente agiria de uma maneira incomum.
─ Qual o problema? ─ Seun perguntou como se estivesse agindo estranhamente cômodo demais. Mesmo que Sarang tenha puxado a orelha dele minutos antes, falando da abordagem muito "sensível", aparentemente não nao tinha entendido. ─ A gente só vai descer...
Os amigos em volta olharam um para o outro, achando estranho. A última vez que eles se encontram juntos, no Natal, Jisoo e Seung ainda estavam brigados por motivos que ninguém entendia, mas que também não tinha coragem de perguntar mais... fazia pelo menos uns três anos. Love estendeu a mão e beliscou o braço de Seun, que soltou um "aish" e massageou o lugar.
─ Jiseung, você não pode obrigar ninguém a ir com você. ─ Ainda que quisesse que eles se entendessem, queria que seu irmão consertasse as coisas da maneira certa. Jisoo não se sentiria tão confortável com seu agindo tão sem noção.
O problema em si não era Seung agir, era ele tomar essas atitudes sem pensar direito como falar.
─ Eu vou com ele. Você pode ir com o...
─ Não! ─ Jisoo a impediu de terminar de falar, sabendo que Love diria para ele ir com o Tadashi. ─ Eu me viro.
Estava torcendo para ter outra opção de dupla, mas se essa tivesse que ser Seung, poderia fazer um sacrifício ─ não tão difícil assim, mas um pouco estranho no momento. A última coisa que ele faria era atrapalhar qualquer oportunidade dos seus melhores amigos terem um momento juntos.
─ Mas... ─ Love até tentou convencer Jisoo, pois não queria que o mesmo tivesse uma experiência ruim e nem que fosse forçado a nada, mas o Ha disse que tudo bem. ─ Ok, então... Eu e o Tata, Hyejin e Namdong...
─ Eu e o Namdong? ─ Leah falou, saindo um pouco alto demais... o suficiente para que alguns de seus amigos percebessem e ela colocasse a mão na boca como arrependimento.
─ Legal! ─ Nam murmurou baixinho, jogando o punho discretamente para o frente para comemorar.
Watanabe e Namdong fizeram um aperto de mãos secreto, sem que ninguém visse. Mas dava para ver no rosto dos dois que eles estavam de bom humor. Por outro lado, Hyejin não sabia onde enfiar a cara e Jisoo estava pensando se, se jogar daquela pedra sem os equipamentos seria uma boa opção.
─ Hyungwoo!
Com o óculos de grau coberto por um clipe preto ─ os mesmos que encaixavam na frente do óculos de grau para torná-lo um óculos de sol, sem precisar mudar de óculos, assim que foi chamado por Sarang, o policial pediu licença aos outros colegas e se juntou a ela. Normalmente bem humorado, mesmo de manhã cedo, Hyung passava 200% a energia de um daqueles poucos policiais gentis e legais.
─ Chamou, chefe! ─ O Song brincou. Ele a chama assim desde o fundamental, já que o Woo e os garotos sempre faziam tudo que Sarang "mandava" naquela época.
─ Hyung, você já sabe com quem vai? ─ Perguntou, embora já soubesse que ele provavelmente estava esperando que ela o ajudasse com isso.
Song Hyungwoo não era a pessoa mais retraída do mundo, ele tomava atitudes e era sincero com seus sentimentos, mas precisava de um toque ou uma pequenas "mensagem" para saber que poderia avançar. Ele odiava deixar os outros desconfortáveis.
─ Bom... não. ─ Woo coçou o cabelo e olhou para Sarang, que discretamente, olhou para Anakin e fez um sinal de "positivo" com a mão direita. Dando a entender que o Kwon estava livre. ─ Mas eu ouvi que o Anakin não tinha ninguém ainda, então... Se ele quiser... Eu gostaria de ir com ele.
Após o encontro de Anakin e Jisoo no corredor, e uma pequena tensão entre eles, Jisoo correu para Love e contou o que aconteceu. A Byeol não contou para o Ha que achava que eles poderiam combinar antes mesmo do acampamento começar, mas disse algo como "acho que eles talvez combinem".
O Kwon arregalou os olhos, dessa vez, sem conseguir disfarçar... ele não fazia ideia porque Song Hyungwoo gostaria de ir com ele. Os dois não eram amigos no colégio, se falaram poucas vezes e não chegaram exatamente a ser um interesse um do outro, mas... ambos já tinham se notado. E Anakin ficou surpreso que hoje, depois de tantos anos, o policial inteligente, divertido, bonito e gostoso da Haewadal queria ir em um passeio, voluntariamente, com ele.
Sem conseguir falar nada ou conseguir olhar direitamente para Hyungwoo, ele acenou timidamente para Sarang. Confirmando que por ele tudo bem.
─ Perfeito, resolvido! ─ Com um sorriso grandioso no rosto, a ruiva comemorou. ─ Hope, você vai com quem?
─ Com a Jieun, eu prometi a ela que íamos juntos no primeiro passeio. ─ Taeyang disse, apertando a amiga de lado. Jieum o empurrou, fingindo que não gostava muito desse afeto. ─ Mas nos próximos eu estou livre!
Como se ninguém tivesse percebido ─ todo mundo percebeu, ele olhou para Olivia Fane quando falou essa última frase. A garota, percebendo que ele estava olhando para ela, sorriu sem mostrar os dentes. Liv queria ter ido com ele, mas não ficou nenhum pouco chateada. Ainda que estivesse um pouco mais afastada, Jieun era sua amiga e de Hope, então entendia e até achava fofo como Taeyang era um bom amigo.
Jieun, por outro lado, ela gostou que Hope se ofereceu de ir com ela na tirolesa, mas notou quando Iseul disse a última frase olhando para Olivia. Não dá para julga-la... Hope foi seu crush desde o colégio, e Liv uma de suas amigas mais próximas, então seus sentimentos estavam confusos.
─ Você se ofereceu, não vem não! ─ Jieun respondeu, para dizer que ela não havia pedido nada para ele.
─ Você nem que queria. ─ Por mais que fosse uma brincadeira pelo lado de Tae, ela tinha um fundo de verdade.
─ Certo... O Felix vai com a Youngsoo. ─ Sarang continuou. Hyojong havia dito a ela assim que chegou que iria com a psicóloga. Fazendo algo bem parecido com o irmão e indo com sua amiga... isso não queria dizer que existia ou não existia algo entre eles. ─ Liv e Aurora, acertei?
─ Claro, não iria querer ir com mais ninguém além de vocês duas! ─ Seulgi respondeu sem papas na língua. A menina levantou os dois braços na frente do peitoral e fez um "joinha" com cada mão. ─ Sem ofensas, é que eu só confio nelas pra dar uma "encoxada" em mim.
E quando ela falava "encoxada", sem maldade nenhuma, referia-se a pessoa que ficaria atrás dela na tirolesa.
─ Isso é comovente, vou me lembrar disso. ─ Sarang soltou uma risada, entendendo o ponto de vista da loira. Bem, até ela parou para pensar nessa situação com Watanabe e, agora, parecia um pouco... diferente.
Não que ela fosse santa, mas mesmo falando sem intenções, havia coisas que Aurora falava, que fazia a Byeol pensar desse jeito.
─ Só não vai ficar balançar o negócio, ok, Genie? ─ Pedindo para ela não fazer o óbvio, mas que para Aurora Lee nunca parecia tão explícito, Olivia pôs a mão no ombro da amiga. ─ A gente ainda é muito nova pra morrer.
─ A Yuri e o JJ não vão, então... ─ Ambos tinham medo de altura.
Ao olhar para o lado, ela viu Seong, Felix, Youngsoo, Naeun, Mun Jisoo, Hyunjae, Haeun e Kyungmi conversando uma com os outros ─ pelo menos a maioria. Ela notou quando seu irmão puxou a escritora para o lado e pareceu tentar ignorar.
─ Pelo visto meu irmão vai com a Kyungmi, então... ─ Deduziu, pelas expressões de chateação entre eles. ─ Coloca o Hyunjae com a Haeun e a Naeun com a Mun... ─ Ela sabia que Haeun e Mun no momento não daria certo, a não ser que alguém quisesse morrer. ─ Ah é, tem você, Haji! ─ Sarang lembrou-se que não havia resolvido isso ainda. ─ Então coloca o Jisoo com a Naeun e a Mun com o... Ah, espera, esse não dá também!
Mun Jisoo e Seung nunca iriam em nada juntos, ou o falatório também começaria. Jisoo e Mun Jisoo não se falavam, e o Ha sabia que ela sentia algo por Seung desde o colégio. Já Jisoo e Naeun não eram exatamente amigos, mas se encontraram algumas vezes na casa dos Byeol. Jisoo era melhor amigo de Sarang e Naeun era melhor amiga de Seung... e não tinham nada um contra o outro.
─ Não, eu vou como antes. ─ Sooji respondeu, subentendendo que concordava em ir com o Seung.
─ Você vai? ─ Os irmãos perguntaram juntos.
─ É, vou. ─ Ele confirmou.
Sem reação, todo mundo ficou em silêncio, apenas observando. Jisoo pensou muito no que fazer, se aceitaria ou não, mas ele sabia que Seung não gostaria de ir de jeito nenhum com Mun Jisoo e que até mesmo ele não queria ficar em um climão com ela. Não porquê Luna foi afim de Seung ─ isso não era do feitio do futuro cineasta, mas porque eles dois nunca foram próximos.
E só não ouve uma discussão acalorada entre Naeun e Seong, porque o Byeol era o tipo de pessoa que costumava evitar conflitos. Achando que tinha sido grosso mais cedo quando fugiu dela, tentou evitar uma briga. Por outro lado, sem paciência para adivinhações, Clarity não sabia o que estava acontecendo com Jiseong. E por isso, foi tirar satisfação.
─ Eu já te disse, não quero discutir isso com você. ─ Seong fugiu pela milésima vez do assunto. Aquilo o deixava ainda mais chateado, mas... pela primeira vez, estava tentando se deixar ser mais egoísta. ─ Se você não lembra de nada, não tem porque conversar.
Em outra época, Seong seria "bobo" ou "inocente" o suficiente para desculpar de uma vez por todas e contar o que aconteceu ─ como ele normalmente fazia com todo mundo que lhe machucava. Mas... desde que Go Naeun machucou seu coração, ele não quis mais ser assim. Tudo bem, não tem como Jiseong sem menos compreensível como ele já é, mas colocou limites.
─ Você não pode me dizer? ─ Naeun perguntou, querendo entender. Isso também a deixava triste, ainda que ela não falasse abertamente. ─ Eu sou esquecida!
─ Diz logo Seong, pelo amor de Deus! ─ Kyungmi, que não era de implorar, quase fez isso. ─ Assim vocês se resolvem logo e eu tenho paz!
A pobre Oh Kyungmi só queria um passeio tranquilo... e isso, porque ainda estavam de manhã.
─ Não, se fosse importante ela lembraria. ─ De fato, Jiseo não fazia o tipo que cobrava que as pessoas lembrassem tudo, mas... esse momento era realmente algo que ele não parecia perdoar a falta da lembrança. ─ Depois que você terminar aí vamos descer. Quero me divertir! ─ Dessa vez, Referiu-se a Kyky.
Arrumando seu capacete na cabeça, Jiseong levantou a cabeça, girou os calcanhares e foi na direção de seus outros amigos. Assim como Naeun que, quase bufando, apertou os punhos e foi tentar se tranquilizar sozinha.
─ O que aconteceu com a Naeun, Kyungmi? tudo bem com ela? ─ Youngsoo se aproximou da Oh e perguntou. Elas não tinham conversado muito desde quando se encontraram.
─ Acho que foi por causa do Jiseo. ─ Felix, mascando um chiclete, acompanhou Seong se afastar. Não escutou a discussão, pois estava conversando com a Moon um pouco longo deles, mas vou o final. ─ Eles estão... brigados.
A pauta do assunto no grupo de amigos nunca foi desenvolvida, mas a maioria já tinha uma noção, quando souberam que dia foi e desde quando aconteceu.
─ Eles ainda tão nessa? ─ Hyunjae perguntou, rindo. Pelo que ele conhecia Byeol Jiseong, aquele pestinha nunca ficava bravo com muito tempo por alguém. E, sabendo que ele e Naeun eram muito amigos, achou que ele só tinha acordado mau humorado. ─ Kyky, você deve saber. Vai, conta aí!
Hyunjae balançou o braço da escritora, pedindo que ela falasse algo ─ que obviamente ela não sabia. Kyungmi, querendo que ele parasse de balança-la, deu um tapa na mão do Han.
─ Aconteceu algo e ele não quer falar, já disse! ─ Kyu, empenhando-se em ser uma Sherlock Holmes daquele assunto, ainda não sabia do que se tratava. Mas... ela tinha certeza que ia descobrir. ─ Ele fala tanto e agora quer ficar calado! Esse garoto...
─ Ele estava mais murcho que um boneco de posto. ─ Jang Yuri comentou, entrando no assunto. Após ter encontrado com Mun Jisoo e Kwon Haeun, de novo, brigando, fugiu delas.
─ Yu! ─ Youngsoo sorriu, acenando para a amiga. Elas haviam mantido algum contato desde o ensino médio, ainda que pouco, e estão tentando se reconectar mais agora. ─ Que pena que você não vai na tirolesa... mais a gente se vê lá embaixo, não é? Eu vou descer com o Hyo, mas... ─ Young se inclinou para frente. ─ Se você fosse, eu iria com você!
Ela também poderia acrescentar que desceria com Kyungmi, mas o sentido não seria o mesmo.
─ Claro que sim! ─ Confirmou, sorrindo de volta. Ufa, uma tranquilidade. A conversa com a Youngsoo era tão boa, que ela até poderia ignorar Hyunjae. ─ Vou com o Joshua, daqui a pouco chegamos lá!
Hyunjae também estava fazendo questão de ignora-la.
─ Ei! ─ Hyojong cruzou os braços na linha do peitoral e fez uma carranca. Younsoo não falou sério, pois os dois combinaram imediatamente de irem juntos, .as ela gostava de brincar com ele.
─ Yuri. ─ Minho chamou a garota pelo apelido... eles se conheciam do colégio. Apesar de ter uma mania de afastar os outros, ele falava com muitas pessoas no colégio. ─ Você vem?
A Kang concordou.
Joshua, alguns equipamentos de Jisoo, sua câmera e uma mochila pena com roupa para o dia, seguiu o guia ao lado de Jang Yuri, para irem até a cachoeira dos indecentes dentro de um jeep. E não, de jeito nenhum, apesar dos pedidos, eles deixaram que o automobilista dirigisse.
DEMOROU UM POUCO PARA QUE eles se acostumassem com a água gelada da cachoeira, mas com o sol batendo diretamente em muitas partes do ambiente, acabou ficando mais fácil para se aquecer. Não era tão forte, mas havia um paredão de rocha florido, que caia água até a parte mais calma. O espaço era bem grande, então os respingos da queda d'água não batiam em quem estava dentro da água ─ a não ser que você estivesse muito próximo de lá. Por trás da queda d'água também havia uma pequena caverna, perfeita para ser admirada e tirar fotos.
Ao redor era aquela típica frase "era tudo mato". Muitas árvores e arbustos, já que a cachoeira ficava muito por dentro do vale. Um ambiente úmido, mas agradável. Ventava, mas não muito para fazer frio durante o dia no verão. Fora da cachoeira havia um espaço considerável para que algumas barracas de descanso fossem armadas, mesas de madeiras postas e quem sabe, ter algum tipo de jogo como vôlei, futebol e etc para quem quisesse.
─ Aurora, cuidado ai atrás! ─ Apesar de muitos acharem estranho Sarang chama-la pelo nome todo, e não por apelido, ela era quase a única que a chamava assim, pois achava que combinava com o nome da princesa.
Mesmo com o aviso da Byeol, Aurora Lee não entendeu e continuou caminando para trás. Ela queria tanto que a foto ficasse bonita para postar em suas redes sociais, que por alguns segundos, esqueceu que o lado raso estava acabando.
Sem perceber, a garota acabou pisando em falso e caiu na parte funda. Ainda que soubesse nadar, não podia imaginar que seria surpreendida com uma de suas pulseiras de prata presas em uma das pedras. E, que por ser de um material forte, estavam difíceis de se soltar o se quebrar... então ela se desesperou.
Sarang, que estava mais perto, jogou o celular encima de uma pedra e fez menção a mergulhar para salvar Aurora, mas Felix Hyojong, que não estava muito próximo, mergulhou de cabeça na água para resgatar a loira. Dentro da água turva do lago, Seulgi viu uma sombra aproximar-se nadando. Felix, acostumado com situações assim ─ era muito comum surfistas se perderem em uma onda, pediu com gestos para ela se acalma-se. Assim que ela fez o que o mesmo pediu, Fefe conseguiu tirar a pulseira da pedra, sem quebra-la, e arrastou Aurora para a superfície.
─ Aurora, você tá bem? ─ Love perguntou. Outros colegas se aglomeraram ao redor para ver se a garota estava respirando.
Ainda entre respirações ofegantes, a loira concordou.
─ Ela só engoliu um pouco de água, vai ficar bem. ─ Hyojong disse, tranquilizando Sarang e os outros. Diferente da Lee, o surfista manteve seu fôlego normalizado. Ele não havia engolido água como ela.
Limpando o rosto para ver seu salvador ─ que ela sabia ser homem pela voz, Aurora tentava tirar os cabelos do rosto. Agitada, parecia fazer o oposto do que queria, bagunçando ainda mais. Felix riu e a ajudou. Ele, que segurava a garota no colo, a segurou com apenas uma mão e com a outra, a direita, colocou alguns fios de cabelo dela para trás da orelha. Então, quando Aurora finalmente abriu os olhos, viu o sol refletir contra o surfista.
─ Acho que já virou rotina nossos encontros serem assim, Genie. ─ O Hyojong sorriu, conhecendo a "loira quase afogada" do qual lembrava.
No primeiro e segundo ano do ensino médio, Aurora não era tão próxima de Sarang, o que só a fez se conectar mais com ela e, automaticamente com alguns amigos dela no último ano. Mas com Felix Hyojong foi um pouco diferente, já que eles se mantiveram um pouco longe um do outro ─ sem nenhum motivo sério, apenas porque não conversavam mesmo. No entando teve um momento único que apenas os dois sabiam: o da piscina.
Felix e Seulgi estavam sozinhos na piscina em uma certa tarde, ele treinando para a próxima competição de natação e ela, apenas se divertindo. Até que em um certo momento a loira começou a ter câimbras e ele foi salva-la pela primeira vez ─ uma verdadeira cena clichê. Eles acabaram apenas se cumprimentando por alguns segundos, se afastaram, Aurora o agradeceu e saiu correndo. Porque? No fundo eles queriam falar um com o outro, mas ficaram com vergonha.
Dali em diante eles só se viram no colégio ou quando saiam no último ano entre amigos, mas nada mais que isso.
─ Capitão gostoso do clube de natação... ─ Cada palavra daquela saiu da boca dela bem lentamente , uma por uma e sem pensar exatamente no que estava dizendo. Desde que chegaram não havia percebido que aquele era o cara. ─ Quer dizer, eu não quis dizer isso!
─ Acho que você tem que tomar mais cuidado com água. ─ Felix guardou para si aquela informação e só não perguntou de vez o que aquilo queria dizer, para não constrange-la ainda mais. Algo raro, já que ele atormentava todo mundo.
─ Você se lembra de mim? ─ Aurora perguntou, boquiaberta.
De duas uma: ou ele se lembrava mesmo, ou Sarang havia contado algo ─ esse último sendo impossível, já que Aurora e Felix nunca contaram a história do afogamento a ninguém.
─ Aham. ─ Ele concordou, fechando os olhos e balançando a cabeça positivamente com um biquinho. ─ Meio difícil não lembrar... principalmente quando isso aconteceu de novo.
─ Mas do outro me deu câimbra! ─ Ela disse como se justificasse. ─ Agora eu caí.
─ Então acho melhor você tomar cuidado... ─ Felix se lembrava vagamente de alguns momentos em seu tempo de colégio, que viu Seulgi ser bem desastrada. ─ Não quero que você se machuque.
Perdendo as palavras ─ algo inédito, a Lee olhou para sua mão esquerda apoiada no peitoral nu do rapaz e retirou a mão rapidamente. Nenhum pouco discreta. E bom, Felix notou, já que suas bochechas coraram um pouco quando percebeu que suas mãos tocavam pela segunda vez a loira. No entanto, antes que tomasse a iniciativa de colocá-la no chão para ser menos constrangedor, Aurora pulou dos braços de Felix, nadou freneticamente para fora da água. Correndo para bem longe dele como nunca correu antes de ninguém.
Kang Namdong foi uma de suas vítimas, quando ela passou correndo e esbarrou nele ─ que para piorar, segurava um copo de suco que havia preparado para outra pessoa.
─ Seulgi, sua...! ─ Nam gritou, olhando para a própria regata branca, agora, encharcada. Nota do dia: começou estressante.
Lee Hyejin, que ajudava a preparar o churrasco vegano para ela e os demais que optavam por essa prática ─ ou seja, de se abster a usar de produtos de origem animal, viu tudo. Boquiaberta, a garota deixou as verduras assando na grelha, pegou um pano limpo e foi socorre-lo.
─ Tudo bem com você? ─ Perguntou apenas por desencargo de consciência. Claramente dava para ver que não estava tão bem assim. ─ Sinto muito pelo seu suco... Aqui! ─ Leah estendeu o braço e ofereceu o pano. ─ Eu trouxe pra você limpar!
Namdong agradeceu com uma pequena reverência e um sorriso. Ele até tentou espalhar mais para ver se saia, mais por estar usando uma camiseta branca, o suco de uva destacava-se bastante com uma enorme mancha. Então ele desistiu, pois só lavando de novo para limpar.
─ Na verdade eu peguei você. ─ O Kang respondeu, colocando o pano encima de uma mesinha de madeira. ─ Você tava ajudando a assar as coisas e eu não sabia se você bebia, então... fui pegar pra você.
Sentindo-se pegajoso, Namdong passou a regata por cima da cabeça e a tirou. Como seu peitoral estava um pouco molhado e grudento, usou alguns guardanapos para tirar o 'grosso' que ficou.
─ Pra mim? ─ Hyejin desviou o olhar assim que o veterinário tirou a camisa. Era muito para se ver... mas com certeza ela notou que ele havia ficado mais forte. As caminhadas estavam fazendo efeito. ─ Nossa, obrigado!
Namdong não era o tipo de cara que tiraria a camisa logo de cara, tendo a desculpa que teve, só para mostrar seu físico ─ mas ele também poderia ser esse tipo se ele e a pessoa já estivessem em um momento mais "conectados". Além do mais, é comum, principalmente em homens, que eles queriam demonstrar quão bonitos eles são. Nesse caso em específico, foi a primeira opção. O loiro só quis tirar mesmo aquela blusa encharcada se suco e nem pensou na hora em como poderia ficar estranho tirar a regata na frente dela.
─ Aliás, porque você tá na grelha? ─ Ele perguntou. Ambos não sabiam que, além de estarem no mesmo ramo, tinham a mesma prática. ─ Espera... você é vegana?
─ Sim! ─ Hyejin concordou animada, voltando a olhar para ele. Era sempre uma largura quando conhecia alguém que gostava das mesmas coisas que ela. ─ Você também é?
─ Com certeza! ─ O rapaz fez um sinalzinho de positivo. ─ Uau, temos muitas coisas em comum.
─ Temos mesmo. ─ Com um sorriso caloroso e tímido, a Lee soltou uma risadinha. Essa era a primeira vez que eles tinham uma conversa tão longa. ─ Mas eu soube que você já é formado e que gosta de caminhar... acho que não temos isso em comum.
─ Ah, bom, me formei faz pouco tempo, mas já parece uma vida!
De fato, Kang Namdong não tinham um bom descanso há muito tempo. Não é se gabando, mas ele é mesmo o neto perfeito e amado. Após se formar em Londres, deixou de aceitar uma grande proposta na Inglaterra para assumir a clínica do seu avô que estava doente. Claro, também foi pelos animais e pela pequena vila, mas só atendeu de imediato o chamado por ser seu avô. Desde de então, ele e o Jungwoo ─ seu assistente, trabalham juntos. Nam é o único veterinário daquela região, então já deve saber como sua vida é lotada.
E Hyejin está quase lá... mais perto do que longe, ela diria. Enquanto cursa medicina veterinaria na Inglaterra, dá aulas de inglês para alunos estrangeiros como ela ─ mas não foi tão difícil, tendo em vista que, quando era pequena, precisou se mudar com seus pais adotivos para esse mesmo lugar onde mora atualmente. Então, pode-se dizer que, junto a língua sul-coreana, ela também tem um certo sotaque britânico que adquiriu.
─ E as caminhadas... não consigo viver sem! Bem cedinho, perto da floresta. ─ Ele bem diria que morreria sem elas, já que seu trabalho é muito corrido e cansativo. ─ Você não gosta?
─ Bem... ─ Dizer diretamente "não" parecia ser um pouco rude, já que ele aparentemente era tão animado com isso. ─ Eu não sou muito ligada a exercícios... ou a natureza.
Ou a mosquitos, plantas e etc... Lee Hyejin era a moça da cidade. Tudo bem, uma vez ou outra ela poderia fazer esses passeios, mas mesmo assim, não eram exatamente seus favoritos.
─ Você já assistiu aquele drama... Amor rural? ─ Parecendo uma pergunta aleatória, mas que na verdade tinha haver com a resposta de Hyejin, Namdong indagou.
─ Esse eu nunca assisti. ─ Leah já assistiu muitos doramas, mas esse ela nunca havia nem sido informada. ─ É sobre o que?
─ Assiste, depois você vai entender.
E fazendo um suspense, ele sorriu como se estivesse satisfeito e deu a deixa perfeita que precisava. Sabendo que, se ela assistisse, entenderia que ao citar o filme e relacionar com o que ela falou, tinha um pouco haver com eles.
─ Vem, vou te ajudar com o churrasco! ─ Ele a chamou, caminhando em direção a grelha.
Em outro lugar, sabendo que Anakin Kwon ─ ou melhor, Skywalker, como ele gostava de chamar, não havia comido nada no café da manhã, Hyungwoo montou um respeitável "prato de policial". Kini, que estava sentado em um dos bancos grandes com encosto, ao redor de uma grande mesa rústica de madeira, típica de piquenique, parecia sozinho no momento. Sarang e Jisoo ─ e por vezes Watanabe, iam lá algumas vezes para conversar com ele e ver se o garoto estava bem. O chamaram para tomar banho de cachoeira, mas o mais novo prometeu que só iria mais tarde.
Ele estava tentando adiar isso de qualquer jeito.
Além de ser o mais estranho dali ─ na cabeça dele, por utilizar roupas de banho que o deixava quase todo coberto, sabia que ainda que entrasse na água, a roupa marcaria. E bom... na sua concepção e nas várias inseguranças que ele tinha, Anakin achava que tinha um "corpo feio". O que óbvio, era mentira.
─ Oi, Skywalker! ─ Hyung o chamou pelo apelido que lhe deu no ensino médio. ─ Eu tava com muita fome e como você não comeu no café da manhã, trouxe pra você também!
Hyungwoo sentou-se ao lado de Anakin e sorriu, mas o garoto não pareceu escutar... ─ claro, o Kwon estava com seus fones de ouvido no último volume. Por ter cabelos médios e que cobriam as orelhas, dava para esconder facilmente os fones pretos.
─ Anakin? ─ Ele chamou novamente, sem notar ou escutar qualquer ruído da banda Radiohead que tocava. ─ Você tá me escutando?
Imerso na música e observando a paisagem ao redor, o mais novo não percebeu a presença do policial ao lado dele.
Achando estranho, Hyungwoo analisou a situação e achou-se intrometido o suficiente para ver se havia entendido. Estendeu a mão esquerda até a orelha do Kwon, colocou alguns fios de cabelo para trás e verificou que sim, realmente Anakin estava de fone. O bailarino sentiu uma pele macia tocar a hélice de sua orelha ─ a parte de cima dela e olhou para o lado. Deparando-se com um jovem bonito e bem apessoado ao lado.
Hyungwoo rapidamente se achou invasivo e retirou a mão, engolindo seco. E Anakin, abalado com a proximidade, só conseguiu pausar a música e ficar sem reação.
─ Desculpa, é que eu falei com você e você não me respondeu. ─ Hyungwoo colocou um pequeno pedaço de frango frito da boca e mastigou. Assim que terminou, continuou. ─ Não sabia se era porque você não estava me escutando, ou porque eu tinha feito algo.
─ Porque você teria feito algo? ─ Anakin perguntou, arqueando a sobrancelha. O Woo não havia feito nada de verdade e o Kwon duvidava que o policial fosse capaz de fazer isso.
Boa pergunta. Ele sempre foi um exemplo de "bom moço" ─ mas não do tipo sonso. Era real, Hyungwoo sempre foi muito bonzinho.
─ É... não sei. ─ Deu de ombros, um pouco receoso de como falar o que ele estava pensando. Ser aberto com seus sentimentos não queria dizer que ele falaria eles de qualquer jeito. ─ Fiquei na dúvida se você só era mesmo tímido ou se você não tinha gostado de vir comigo na tirolesa.
Hyung coçou a cabeça e jogou aquelas palavras logo para Anakin, que com certeza criaria mil e uma teorias na sua cabeça para tentando entender porquê isso importava tanto para ele. Mas... era fofo ele se importar assim. Parecia mesmo que o policial estava tentando ser agradável e que queria uma "resposta positiva" para suas investidas ─ não que o Kwon tivesse percebido que era uma investida.
E além disso, escutar aquelas palavras, tendo uma curta, mas agradável, visão de parte do peitoral molhado de Song Hyungwoo, era quase um sonho. A toalha de banho pendurada no pescoço cobria boa parte, mas seus braços também estavam expostos e essa era uma visão muito... incrível e ao mesmo tempo assustadora. O máximo de um homem com o peitoral tão exposto que ele viu e que falava com ele, foram os de Watanabe e Jisoo.
─ Você é bem sincero, não é? ─ Apesar da grande dificuldade em por em palavras, principalmente com estranhos, esse tipo de coisa, ele estava ali pra tentar arrumar um namorado. Tinha que tentar pelo menos não afasta-los... mesmo com vergonha. ─ Eu... gostei.
─ Gostou? ─ Os olhos dele encheram-se de esperança e euforia, mas ele respirou fundo e tentou não se afobar. ─ Você... pode sempre ir comigo nesses passeios em dupla... se quiser.
─ Posso? ─ Anakin perguntou. Por dentro ele estava surtando todos os sentidos.
Não era possível que um dos caras mais gatos, se não o mais gato e legal ─ na sua cabeça, estava mesmo falando isso pra ele.
─ Claro, eu estou gostando da sua companhia. ─ O Song concordou, comendo outro pedaço de frango, dessa vez, com pimenta. Ele empurrou o pratinho com a mão, o deixando na frente do Kwon. ─ Soube que temos muita coisa em comum!
─ Aqueles fofoqueiros... ─ Kini sabia que a única pessoa que poderia saber tanto dele, só poderia ser Sarang ou Jisoo. E ambos eram amigos de Hyungwoo.
Woo sorriu, entendendo a fala ─ pois realmente, havia pedido ajuda para seus mentores, vulgo Love, Sooji e até Wata.
Lembrando da fala de Byeol Jisarang que, "canudos e plásticos matam tartarugas, outros animais e prejudicam a natureza, por isso devemos diminuir ou trocar o uso deles por outro material", Watanabe Tadashi deixou de usá-los. Ele até fez questão de comprar seu próprio copo para não usar mais descartáveis no treino, um conjunto de talheres para levar na bolsa e marmita reciclável ─ se você notar, tudo igualmente o que Love comprou. E bom, apesar do incentivo tenha vindo da melhor amiga, ele quis fazer o mesmo que ela porque se acharia um monstro só de pensar em matar animais ou destruir o meio ambiente por causa dele.
Ele odeia pessoas, não o planeta.
Sarang não gostava de ser apontada sempre como o "bom exemplo para Watanabe Tadashi", porque ela se considerava uma pestinha em muitas coisas. Além disso, por incrível que pareça, ela também aprendeu muito com ele ─ sim, Wata desenvolveu muito mais problemas pessoais do que ela, mas Love não acha que isso é comparável. Por exemplo "eu ajudei muito mais ele do que ele me ajudou por tal motivo" não faz nenhum sentido para ela. Ele a ajudou e pronto.
E foi com o bom exemplo dos descartáveis que ele não chegou junto de Sarang com duas garrafas de soju e um canudo.
─ Se minha mãe soubesse que estou tomando soju às dez da manhã, ela me mataria... e faria o mesmo com você. ─ Sarang comentou. Essa não era a primeira vez que ela fazia isso, mas sua mãe era médica, então a fala foi compreensível. ─ Mas pelo menos ela não sabe que a gente bebe mais do que o esperado.
Tipo arrumarem uma desculpa de beber em feriados e dias de semana de noite, criando algum "momento especial" até mesmo no apartamento ─ como um filme que acabou de lançar e eles resolveram assistir bebendo álcool e fazer lanches. Ou de quando Sarang o arrastava para alguma balada.
─ Você é uma má influência, mas acho que ela já sabe. ─ Não que ele fosse uma influência melhor, porquê Watanabe sempre gostou de bebidas, mas Love, por exemplo, sempre acabava o fazendo comer mais do que podia e coisas que ele não podia tanto na semana por causa da dieta. ─ Meu treinador a mesma coisa.
─ Eu acho que o senhor Phillips acha que eu sou sua namorada até hoje... toda vez que eu apareço lá e fala "seu namorado está indo muito bem" ou "ele é muito esquentado, fala com ele". ─ Michael Phillips era o nome do treinador do Tadashi e ele e a Byeol sempre se deram muito bem. ─ A gente fofoca às vezes.
E quando ela quis dizer "às vezes", era sempre que ela conseguia aparecer lá. Ultimamente tem ficado mais complicado por causa do estudo e estágio, mas uma vez ou outra ela consegue escapar na hora do almoço para visitar a quadra.
─ E você tá ótimo, nem precisa de dieta, Tata. ─ Sarang entendia que dieta e saúde ia além de exercícios, mas mesmo assim, Watanabe já era muito saudável. ─ Sério, você tá tão grande, que uma hora ou outra acho que vai explodir!
O Tadashi, que havia colocado um gole de cerveja na boca quase cuspiu tudo para fora quando ouviu. O coreano-japonês soltou uma gargalhada gostosa, contagiando sua melhor amiga. Sarang sempre falava coisas diretas e sem filtro, mas era impossível não se surpreender uma hora ou outra.
E a Byeol, apesar de ter falado brincando, disse a verdade. Se fosse em outra situação e eles fossem só amigos, sem sentimentos nenhum envolvidos, seria até fácil para ela ─ e principalmente para ele, se controlar, mas... era diferente nessa situação. Os dois moravam juntos em um apartamento há quase três anos, foi impossível não notar. E eles não facilitaram muito um para o outro, já que Sarang via Watanabe quase todos os dias andar sem camisa pela casa e ele a via andar com roupas curtas.
Então Sarang obviamente notou que Watanabe Tadashi estava enorme. Com braços enormes, um abdômen definido, peitoral grande, pernas grossas ombros largos e etc, etc, etc. Love não tem bem um tipo e achava meio desproporcional alguns "marombeiros", mas nele cabia perfeitamente.
─ E além de bonito, você ainda é inteligente, tem muitos hobbies... ─ Sarang sempre gostava de elogia-lo por tudo. Ela sabia que, mesmo que ele estivesse orgulhoso por ser um 'grande gostoso', Watanabe odiava quando o tratavam como "apenas um rostinho e corpo bonito". ─ Você só tá solteiro por opção própria!
─ Não é bem assim. ─ Wata negou, tomando um gole de cerveja. Estar "solteiro por opção própria" parecia ser um pouco duro de escutar, já que por ele, estaria em um relacionamento com ela há muitos anos.
─ Qual é, você é tipo... o cara perfeito! ─ De fato, Watanabe era quase um cara impossível de existir. Sim, ele era cheio de defeitos, mas também cheios de qualidades que equilibravam as coisas. ─ Qualquer mãe gostaria de ter você como genro.
─ É isso que você iria querer? ─ Ele perguntou, a encarando.
─ Eu? ─ Sarang indagou, sabendo que sim.
Se ela não duvidasse que Watanabe Tadashi gostasse, possivelmente estaria nesse exato momento criando teorias da conspiração sobre essa pergunta.
─ Eu... eu... ─ Love gaguejou, olhando de um lado para o outro e pensando em uma resposta. ─ É que sabe, o que eu quis dizer foi...
Um pouco surpresa com a pergunta, Sarang não viu quando quase pisou em falso em uma pedra. Não irrita se machucar ou se afogar, mas com certeza se molharia totalmente e derrubaria a cerveja dentro da água. Por sorte, Watanabe Tadashi estava ali para segura-la pela cintura e impedir que isso acontecesse. A Byeol chocou contra o peitoral do Choi e prendeu a respiração quando vou que eles estavam tão pertos um do outro. Ambos apenas com roupas de banho e conversando sobre um assunto que poderia muito bem ser interpretado mal.
─ O que eu quis dizer foi que você é uma pessoa incrível. ─ Love levantou o olhar para seu melhor amigo, mas não se desvencilhou dos braços dele, mesmo estando segura.
─ Se quer saber... eu também acho que gostariam de ter você. ─ Watanabe respondeu, sem mover um músculo. Seus olhos só pararam quando encontraram os dela. ─ A minha mãe concordaria.
Não muito longe dali, Joshua Park observava toda aquela cena. Qualquer um poderia dizer que Minho tinha uma grande dor de cotovelo ─ talvez um pouco, por não ser correspondido com um amor bilateral. Ele tinha a amizade de Sarang... ela era a única garota, além de sua mãe, que ele conseguia ter uma conversa profunda e que sabia que estaria ali por ele, mesmo que Josh fizesse alguma merda. No entanto, no quesito "amor não correspondido", ele não estava lidando muito bem com isso.
Essa foi a primeira vez que ele se apaixonou por alguém de verdade, então... era frustante. E também teve o quesito "me apaixonei pela melhor amiga do meu irmão", basicamente um clichê dos romances ─ se seu irmão também não fosse apaixonado nela. Então foi tudo meio complicado e triste, para dizer a verdade. Mas... se deixou se egoísta. A paixão e até mesmo o amor era algo muito diferente para ele, então não queria "perde-lo".
Josh e Sarang já tinham ficado, mas ele nunca saberia o que eram os sentimentos românticos de Sarang por ele.
─ Você não cansa não? ─ Park Jieun surgiu como um fantasma por atrás de Minho. ─ Não tem como separar eles dois, se é isso que você está tentando fazer.
E Jieun sabia muito bem disso pois, por ser uma das poucas garotas que eram próximas de Love no ensino médio, acompanhou a saga das muitas pessoas que tentaram fazer isso e não conseguiram.
─ Por acaso você está preocupada comigo? ─ Desviando seu olhar de Sarang e Watanabe, Joshua arrumou a câmera fotográfica e a posicionou na frente dos olhos. ─ Espera, é ciúmes?
─ Vê se você se enxerga. ─ Ainda no mesmo tom de brincadeira, Jieun o respondeu. Desde que chegaram eles estavam trocando palavras e implicâncias no mesmo tom. Nenhum deles parecia se incomodar de verdade com as falar. ─ Até parece que eu namoraria você!
Joshua subiu em um morrinho de terra para ter uma visão melhor do espaço para fotografar. Como um grande apreciador de fotografias e vídeos ─ que ele adorava tirar, mas guardava para si mesmo, voltar para o Vale Coldot era maravilhoso. Cada pedacinho daquele lugar era lindo. O céu azul, as árvores verdes, os animais que uma vez ou outra apareciam, as montanhas tão parecidas quanto o papel de parede do windows... Era muito diferente de morar na cidade.
─ Eu não disse namorar. ─ Ele a provocou, sorrindo de lado. Os dois nunca conversaram muito, mas quando acontecia, acabavam se provocando. ─ Só disse que você estava com ciúmes.
─ Porque eu sentiria ciúmes de alguém que nem você? ─ Jieun soltou uma risada debochada, o achando não exatamente convencido, mas alucinado por pensar assim. ─ Me faz um favor e some!
O clique da câmera disparou antes que Jieun pudesse responder e ela pode ver a câmera fotografia bem na direção do seu rosto. Em outro momento ela até poderia considerar que aquele sorriso irritante era fofo ─ mas não tanto quando era ela o centro da "zoação".
─ Apaga agora! ─ Jieun ordenou, mas não percebeu nenhum movimento de resposta dele. ─ Park, eu estou mandando!
─ Calma amor, não precisa ficar com raiva. ─ Minho soltou uma gargalhada, olhando para a tela da câmera. A foto não estava feia, mas fingir que sim era muito melhor. ─ Vou guardar essa foto pra colocar no nosso vídeo de casamento.
Eunnie avançou na direção de Josh para tentar tirar a câmera da mão dele, mas o mesmo foi mais rápido e desviou. Ela avançou novamente, e mais uma vez o Park se virou. Ele recuou para trás algumas vezes, sendo muito mais rápido do que ela. No entando, em algum momento, os dois, que estavam um pouco molhados, escorregaram na terra também úmida e caíram no chão.
Jieun soltou um grito. Joshua sentiu suas costas se chocarem contra a terra molhada e grunhiu, soltou um palavrão. Com a mão esquerda segurando sua câmera fotográfica cara e preciosa, e com a direita, as costas da Park, ele suspirou e encostou a cabeça no chão. Jieun, que estava de olhou fechados, os abriu ao perceber que não havia caído de cara no chão. Porém, ao abrir, sua primeira visão foram os olhos castanhos escuros de Park Minho.
─ Essa era sua intenção, não era? ─ Entre pequenos gemidos, ao sentir seus músculos machucados, zombou. Mas sabia que Jieun acharia que ele estava falando sério. ─ Não precisava de tanto, era só você falar.
Minho subiu lentamente sua mão da cintura de Jieun, até o rosto dela. Passou delicadamente o dedo indicador por cima da bochecha esquerda da estudando de artes cênicas e colocou alguns pequenos fios de cabelo por trás da orelha. E como você acha que estava Park Jieun? Perplexa. Ela poderia sempre demonstrava ser muito forte e independente, pendendo raramente para o lado mais "medroso" em muitas situações. Mas... aquela não era qualquer situação.
Assim como Minho poderia dizer facilmente que ela era muito linda, Jieun não assumia, mas só de olhar para os olhos daquele garoto e acompanhar seus lábios enquanto ele falava, em meio a sorrisos irritantes, a mesma sabia lá no fundo que ele era um cara bonito. Porém, a imagem que ela tinha da personalidade egocêntrica e mimada de Joshua Park no Haewadal não saia da sua cabeça, e por isso ela resistiria a qualquer coisa.
E foi pensando o quanto ele era um cara idiota, que Eunnie afastou a mão de Joshua de seu rosto, apoiou os braços no chão e levantou-se bruscamente.
─ O que, ficou nervosa? ─ Desafiando o resto de paciência de Jieun, ele continuou. Bem, se ela agiu de maneira tão repentina, algo tinha.
─ Vai à merda! ─ Com raiva, Park Jieun saiu de sua classe e chutou um pouco de terra na na direção do seu 'duo' de sobrenome. ─ Idiota!
Joshua riu, nem se importando com a pouquíssima terra que caiu nele ─ nas costas estava pior. O que ele não pode deixar de notar foi na saída brusca de sua "rival" de provocações, que arrumava o lindo penteado bagunçado após a queda. E claro, sem esquecer de se vangloriar pela foto consideravelmente fofa de Park Jieun brava na tela de sua câmera.
E não muito longe dali, em uma pedra um pouco alta da cachoeira, Byeol Jiseong tomava um banho de sol. Os cabelos loiros brilhavam sob a luz forte da manhã e os raios refletiam nos óculos de sol cor esmeralda que ele amava usar. A perna direita estava apoiada na pedra, a esquerda estirada, o peitoral amostra e os ombros um tanto mais largos desde o ensino médio pareciam mais marcados ─ ele não costumava malhar tanto quanto Sarang, mas gostava de se exercitar uma vez ou outra. Seu esporte favorito mesmo era andar de bicicleta pelas ruas de Nova York, como se fosse o Peter Parker.
A câmera à prova d'água de Jiseo também estava do lado dele. Com certeza ele já havia tirado várias fotos e as colocaria em uma pasta assim que chegasse no chalé. Ainda se lembrava da última vez que visitou o local, e que também havia tirado dezenas de fotos para guardar de lembrança. Algumas das paisagens, outras dele e de seus amigos.
Ele amava aquele lugar, principalmente para relaxar.
─ O sol está ótimo para ficar vermelho e queimar como um camarão. ─ Seong falou sozinho, sorrindo ao dizer aquilo. O garoto nunca conseguia pegar um bronze, ele, assim como a maior parte da população coreana, continuavam com o mesmo tom de pele amarelo... ou avermelhada caso pegasse muito sol.
De repente, Seong notou, mesmo de olhos fechados, que o sol havia ido embora quando os feixes de luz pararam de tocar sua visão. No entando, quando seus olhos se abriram, a última coisa que ele esperava ver era Clarity Naeun Go o encarando como uma assombração. Como um bom amante de filmes, quase se lembrou daquela cena do Latreal na praia.
─ Que susto! ─ Jiseo pôs a mão no coração, quase perdendo dez anos de vida por dentro. ─ Tem como você sair, por favor? Não sei se percebeu, mas eu tô tomando um solzinho.
─ Eu não tô nem aí, levanta! ─ Naeun ordenou, mas ele não saiu do lugar. A cantora pôs as mãos na cintura e o encarou. ─ Byeol Jiseong, levanta!
Seong resmungou algo que não deu para ouvir e se levantou com uma cara feia. Ele também pôs a mão na cintura e fitou os olhos ardentes da sua melhor amiga. Os dois se encaram por quase um minuto sem falar absolutamente nada, mas o olhar de cada um já falava bastante. Ele estava chateado e ela, com raiva. Mas Jiseong não queria brigar, Naeun por outro lado... estava disposta a arrancar a cabeça do Byeol até ele falar.
─ Você vai falar ou ficar me encarando? ─ Perguntou o loiro, calmo. A última coisa que ele queria era ser grosseiro, pois isso não ajudaria em nada. ─ Eu não vou te falar nada.
─ E porquê não? ─ Naeun cruzou os braços, aproximando-se de Jiseong. Com quase 12 centímetros a menos que ele, parecia uma criança emburrada.
─ Porque se você se importasse comigo de verdade, você lembraria. ─ Longe de ser a pessoa mais dramática do mundo, mas bem perto de se deixar fazer isso Jiseo não queria dar o braço a torcer e apenas falar o que havia acontecido.
Go Naeun conhece os Byeol desde que começou a estudar na Haewadal e sempre teve uma conexão diferente, mas também especial, com cada um deles. Apesar de todo mundo achar que Jiseung foi o primeiro melhor amigo de Go-na, na verdade esse posto era e se manteve acima de tudo, de Seong. E foi exatamente se evitando que essa amizade começou: Jiseo achou que ela gostava dele e acabou fugindo dela por um tempo. Não porquê não queria, mas porquê ele sentia o mesmo. No entanto, quando Naeun contou a Sarang que era mentira ─ o que não era, e Love conversou com o irmão, eles acabaram voltando a ser apenas amigos de novo.
Eles se tornaram amigos rápidos ─ o que é engraçado, porquê todo mundo diz que Angel combina muito mais em uma amizade com Jiseung, do que com os outros dois Byeol. Mas... os opostos também se atraem e foi isso que aconteceu. Eles já criaram junto um pintinho de estimação chamado 'cocorico' e tiveram diversos momentos descontraídos. Sendo que, todas as vezes que Seong começava um relacionamento diferente ou Naeun ficava com outras pessoas, eles acabavam ficando um pouco tristes.
─ Eu não posso me esquecer? ─ Naeun questionou. Talvez sua falta de tato ou insensibilidade para certas situações, não a deixasse pensar. ─ Você está fazendo um drama imenso pra uma coisa dessas.
Jiseo nunca julgou Clarity por qualquer coisa que ela tenha feito, mas dessa vez, a falta de compreensão dela vom ele, estava lhe dando nos nervos.
─ Um drama? ─ Falou, soltando uma risada. ─ Um drama? ─ Repetiu, totalmente incrédulo. Ele não levantou a voz em nenhum segundo, mas pelo seu tom, da para ver que o garoto estava chateado. ─ Sério Clarity, eu achei que fosse pelo menos minha amiga, mas pelo visto, nem isso você é!
Aquilo com certeza doeria nela. Naeun podia ser qualquer tipo de pessoa, mas ela sempre tentou ser uma boa amiga para Jiseong. Por mais que não soubesse o que estava fazendo, ele era muito importante.
─ Do que você tá falando? É só porque eu saí com outro cara naquele dia? ─ Definitivamente, Clarity estava pedindo para que Jiseong continuasse sem falar com ela ao dizer isso. O problema não era ela sair com outra pessoa, óbvio, eles não namoravam. Mas era ela fazia isso em um dia importante para ele. ─ Qual é Jiseong, eu te disse que iria depois!
─ Depois? Depois? ─ Mais uma vez, Jiseo repetiu as palavras. Cada vez mais aquela conversa se enrolava em um ninho de falta de comunicação por ambos os lados, sem fim. ─ Meu Deus, você está se escutando? ─ Provavelmente, ela não percebeu nada. ─ Está se escutando que saiu com outro cara em um dia importante pra mim?
Acima de tudo eles eram amigos e Naeun havia prometido que iria.
─ Mas ia ter outro dia de exposição, não é? ─ Gona disse, tentando arrumar uma desculpa para não assumir a culpa que ela sabia que tinha. ─ Eu ia no outro!
Só tinha um único dia de exposição, já que era algo do último ano de faculdade, então não tinha como ver outro dia.
─ Chega, eu cansei! ─ Seong bufou, desistindo de uma conversa que não levaria a nada. Sinceramente, ele ainda estava bem aborrecido e não queria perder ser dia de diversão, discutindo. ─ Você só tenta justificar tudo... eu te disse que não queria falar sobre isso... ─ Pelo menos, não agora. ─ Eu não quero.
Jiseong bagunçou os cabelos loiros na cabeça e suspirou, quando de repente sentiu seu corpo ser empurrado para frente. O fotógrafo nem conseguiu ter uma reação na hora e só entendeu o que havia acontecido quando se chocou contra a água. Go Naeun simplesmente irritada demais, empurrou Byeol Jiseong de cima daquela pedra e deixou que ele se virasse ─ por sorte, ele sabia nadar.
─ Então não fala mais comigo você também! ─ Clarity gritou lá de cima, chamando atenção de todos os colegas e saindo e passos pesados do local.
Ha Jisoo olhou aquela cena perplexo. Até hoje ele não sabia o(s) motivo(s) que deixaram alguém como Byeol Jiseong tão afastado, então imaginou que deveria ser algo muito sério! Em meio aos seus pensamentos e a água gelada da cachoeira, Haji estava pensando na primeira coisa que editaria quando chegasse na cabana. Ele já tinha muitas filmagens desde que começou, então teria bastante trabalho. Mas Jisoo até que ficava tranquilo enquanto as legendas, já que sabia que Sarang ou Watanabe se disponibilizariam para ajudá-lo a traduzir em língua de sinais o que seus colegas estavam falando.
Contudo, todo esse pensamento sobre o que faria ou não com as filmagens, era penas uma maneira mais rápida de tentar fugir do assunto que pairava em sua mente: Byeol Jiseung.
Foi completamente estranho estar tão perto dele novamente, mas inegavelmente foi... bom. Ha Jisoo tinha esquecido como era bom estar tão perto dele, com os braços de Seun circundando seu corpo como se eles estivessem juntos novamente. Sooji estava mesmo tentando não criar nenhuma expectativa após ser bombardeado com investidas de seu ex namorado, mas ainda era difícil. Ele sempre nutriu fortes sentimentos pelo Byeol mais velho e, por mais que jurasse que eles sumiriam algum dia, até agora nunca aconteceu.
E o mesmo valia para Seung ─ ainda que Jisoo não acreditasse que o Byeol tivesse mais sentimentos por ele. Porque... era impossível, não é? Ninguém aceita o fim de um relacionamento tão rápido se tendo sentimentos. Mas Seun sentia muita falta de Jisoo e sempre teve a esperança que pudesse voltar com ele algum dia. Por mais que a culpa não tenha sido apenas dele, o mais velho queria muito consertar o que fez. Mostrar que havia mudado um pouco, e que sabe, amadurecido.
─ Pensando em algo? ─ Como se lesse pensamentos, Seung surgiu repentinamente ao lado de Jisoo, fazendo a pergunta.
Ignorando a vontade de sair correndo e dar mais ainda munição para Seung saber que ele estava nervoso, Jisoo fechou os olhos por alguns segundos, respirou fundo e virou para encara-lo. Com a água até o pescoço e as pontas de sua cabelo preto de tamanho médio molhados, a visão avassaladora de metade do peitoral de Byeol Jiseung lhe trazia pensamentos proibidos. A frase "isso é só carência", que ele e Sarang falavam um para o outro, nunca foi tão real.
─ Nada demais. ─ Respondeu Jisoo, sem reagir muito. Mas ele havia achado interessante como Seung ainda parecia saber língua de sinais. De duas, uma: ou ele continuou praticando sozinho ou encontrou outra pessoa que mantinha esse contato.
Nunca passou pela cabeça do Ha, que Jiseung continuou treinando para quando os dois voltassem a se falar.
─ Eu percebi que você está mais alto... isso é tão esquisito! ─ Seung disse, sorrindo, mas não de um jeito ruim. É que Haji sempre foi um pouco mais baixo que ele e, mesmo parecendo besteira, na cabeça do Byeol isso era legal e fofo no relacionamento deles. ─ Eu sempre fui maior que você.
─ As pessoas crescem. ─ Ha Jisoo deu uma resposta direta. Trazer coisas antigas que eles compartilhavam era basicamente um golpe baixo.
Jiseung abaixou a cabeça, sem saber o que falar. Ele não era a pessoa mais preparada para puxar diversos papos ─ principalmente quando Jisoo estava tentando ao máximo cortar todos eles. Então ele não sabia muito bem o que fazer... talvez devesse ter começado com um pedido de desculpas.
─ É, mais... não foi isso que eu quis dizer. ─ Citar os vários beijos na testa, as 'cafungadas' no cabelo no de Jisoo ou as provocações e comparações de tamanho sempre quando eles estavam em pé, em um desses exemplos. ─ Eu quis dizer que...
─ Muda de assunto. ─ Mais uma vez, Haji o cortou. Sentir-se um pouco desconfortável ao se lembrar que esses bons momentos não existiam mais. ─ Ou melhor... não fala nada.
─ Porque? ─ Ou ele estava se fazendo de desentendido, ou Jiseung era tão sem noção às vezes, que não percebia o quão poderia ser insensível com certos comportamentos.
─ Você ficou ainda mais maluco ou é impressão minha? ─ Agora com gestos muitos mais firmes e incisivos, Jisoo fez questão de respondê-lo sem pensar muito. De verdade, ficou até chocado com a cara de pau dele.
Jiseung não sabia como expressar todo se arrependimento e achou uma opção nada viável para resolver seus problemas. Ele e Jisoo com certeza se resolveriam se ambos parassem para conversar de verdade e Seun agisse de forma correta, com desculpas e demonstrando tudo que ele nunca falou durante todos esses anos. Jisoo era um garoto compreensível e, de todo modo, não culpava apenas o Byeol. Mas... ele queria sinceridade e aquelas atitudes não pareciam nenhum pouco sinceras.
─ Para de agir assim, isso é esquisito! ─ E com esquisito ele quis dizer: investir em Jisoo como se estivesse realmente interessado.
─ Eu estou tentando me resolver com você. ─ Ou é isso que Seung achava que está fazendo.
─ Não é assim que as coisas se resolvem. ─ De fato, Jisoo estava completamente com razão. Ele merecia muito mais do que atitudes jogadas sem sentimentos totalmente sinceros postos na roda. ─ Estávamos bem respeitando o silêncio um do outro.
─ Eu não quero mais isso. ─ Se estivesse falando, Seung estaria com um tom de voz muito mais pedinte do que qualquer outro. Mas o silêncio e as palavras ditas com as mãos também causavam um impacto ainda maior para Jisoo. ─ Não quero mais ficar longe de você!
─ Então faz as coisas direito! ─ Ele estava basicamente dando dicas da forma correta que Seung deveria agir, mas não achava que iria vingar. Se nem Sarang, que ele sempre escutava, tinha ajudado, ele pensou "quem sou eu para consegui?". ─ Até lá, me deixa em paz.
E com as mãos abanando, Byeol Jiseung se manteve sozinho e pensativo. Vendo Ha Jisoo, o amor da sua vida, lhe dar um toco e um esporro em menos de uma semana de acampamento.
Já não se podia dizer o mesmo sobre Oliva Elizabeth Fane e Iseul Taeyang que estavam na mesma sintonia. Eles, amigos desde a infância, fazendo parte da mesma turma de 'pestes' desencanadas de Byeol Jisarang, sabem muito um sobre o outro. E a amizade deles sempre foi muito... calma, tranquila e carinhosa. Isso não quiser dizer que era chata, porque pelo contrário, eles sabiam se divertir, mas com Olivia sempre sendo a mais tímida dessa relação, existiam alguns certos limites.
Isso nunca impediu que eles fossem amigos ou se sentissem estranhos perto um do outro. É que Liv e Hope são assim, tranquilos... por isso a relação deles é do mesmo jeito. Porém só precisa de um pequeno empurrãozinho para que eles possam avançar ainda mais e desfrutarem de momentos ainda mais divertidos juntos.
E quando se fala de 'momentos compartilhados', um deles sempre foi o de cuidar dos curativos de Olivia. Porque essas garota... essa garota é um desastre total ─ como diria seus pais, ela tem dois pés esquerdos. E aparentemente Hope sempre está rodeado de alguém assim... Felix, Jieun, Olivia, Sarang. Todos eles sempre prontos para quebrar algo ou bater em um abajur, e na sua mente apelidados de "Detona Ralph".
─ Esse não foi tão ruim. ─ Hope falou para Olivia, enquanto limpava o machucado do joelho dela. ─ Você continua sempre desastrada, não é, Liv?
─ Olha aqui, eu não sou... ─ A Fane até ia se defender, mas quando ele olhou para ela, a garota desistiu e se rendeu. ─ Mais ou menos.
Ela riu.
Aquele era um dos momentos 'fã de carteirinha' ─ que aconteciam sempre, em algum momento da sua vida. Taeyang era um doce de garoto e cuidava dos seus machucados, enquanto contava e conversava bobagens. O coração de Olivia começava a bater de forma anormal, frenética e em pânico na maioria desses encontros, quando ele tocava alguma parte do seu corpo para limpar o machucado. Sempre respeitoso, mas ainda sim, muito surpreendente como o toque dele lhe causava sensações diversas.
Tae adorava cuidar de Liv desde... sempre. Não é que ele a achava frágil, mas por um tempo, queria que ela fosse mais confiante. Hope, que também tinha suas inseguranças ou seus defeitos, aprendeu muito com Olivia, então também a via como um bom exemplo de pessoa. Até hoje não conseguia acreditar como existiram pessoas tão ruins das outras turmas, que puderam fazer bullying com ela.
─ Agora você está pronta para a próxima queda. ─ Tae finalizou o curativo com uma bandagem adesiva no joelho e jogou os algodões que usou no lixo ao lado.
Liv havia escorregado em uma das pedras e ralado o joelho. Felizmente, nada mais grave do que isso... era apenas mais um aranhão para a coleção de pequenas cicatrizes ou marquinhas que ela tinha.
─ Obrigada, Hope. ─ Ela agradeceu, dando um sorriso doce e brilhante para o surfista.
─ Que isso, qualquer coisa, é só me chamar! ─ Iseul fez uma continência e sorriu de volta. Ele passou a mão nos cabelos, os colocando para trás ao ver que vários fios estavam colando na sua testa por causa do calor. ─ Então, como vai a faculdade?
Hope se levantou, já que antes estava ajoelhado e sentou-se no banquinho ao lado dela. Ele esticou o braço para pegar uma garrafa de cerveja, a primeira do dia, e alguns petiscos que estava comendo anteriormente. Chegou a oferecer a Olivia, que pegou alguns e colocou na boca, mas que negou beber aquele horário da manhã.
─ Bem... puxada. O estágio também, mas eu gosto bastante. ─ Respondeu após mastigar alguns salgadinhos. Entrando para a lista de mais uma que não tinha muito tempo livre durante o dia, Olivia até gostava de vez em quando dos sacrifícios que fazia para estudar. ─ E você?
─ Bem... tranquila. ─ Tae soltou uma risada, pouco preocupado. Ele adorava seu trabalho. ─ Eu treino todos os dias, faço exercícios pra manter a forma... mas pra mim é bem de boa!
Falando assim nem parecia que ele fazia nada ou o quão perigoso seu trabalho era. Felizmente ele se dava muito bem.
─ E claro, também tem as aulas de surf. ─ Ele diria que essa seria sua parte favorita do dia. Ver todos aqueles pequeninhos e jovens aprendendo algo que ele tanto amava também. ─ Eu adoro dar aulas pra crianças!
Viver no Hawaii sempre foi o sonho de Taeyang. Ele nunca pensou que passaria o resto da vida lá, porque Hope poderia ser classificado como o tipo de pessoa que não se estressa e até acha interessante mudanças, mas ele com certeza queria morar lá por um tempo. E desde que se formou e se mudou para a ilha, junto com seu irmão Felix, seus dias foram muito divertidos. Claro, tinham seus altos e baixos como todo mundo, mas a maioria era feita de felicidade.
─ Own, deve ser tão fofo! ─ Olivia até poderia imaginar o quão doce seria ver Iseul Taeyang, um dos caras mais fofos do mundo, lidando com crianças e adolescentes. ─ Eles devem adorar você.
─ Acho que sim... eles me chamam de 'tio Hope'. ─ Tae amava ser chamado assim, mesmo que isso quisesse dizer que ele era muito mais velho do que eles.
Os olhos de Liv brilharam só de pensar a frase "tio Hope", saindo da boca de uma criança. Na cabeça dela, a vida do Iseul era muito mais leve e divertida do que a dela. Hope sempre soube aproveitar as coisas e conseguia ver muito bem ele sendo um sufista tranquilão do Hawaii.
─ Parece tão legal!
─ Que tal você vir um dia me visitar? ─ Essa era a primeira vez que ele fazia um pedido oficial. Já tinha revelado em outras que a casa onde ele e Felix era bem espaçosa, que tinham várias coisas interessantes no país, mas nunca a chamou como agora. ─ E depois eu vou te visitar.
─ Sério? ─ Olivia até gaguejou, animada por fora e nervosa por dentro. ─ Eu gostaria muito!
─ Então combinado! ─ Hope levantou a mão para fazer um high-five com a Fane, tão animado quanto ela. ─ Já estou pensando nos vários lugares que posso te levar... e as crianças também vão amar você.
Lizzie devolveu o cumprimento.
─ Eu também estou pensando... ─ Indagou, tentando imaginar o que poderia fazer para retribuir o agrado. ─ Minha vida não é tão divertida quanto a sua, mas acho que posso pensar em algo.
Para Hope não interessava onde ela iria o levar. Fosse no seu café preferido, na livraria mais bonita, ao museu deslumbrante, as paisagens do parque que ficava ao redor da cidade ou em uma visita na aula de criminalista, com o tema "leve alguém de fora para assistir", ele iria adora só por estar ao lado dela.
E em meio aos amores e as discussões de alguns, estavam Han Hyunjae e Kang Jangyuri, que discutiam fervorosamente quem era o mais inteligente. Apesar de não serem pessoas egocêntricas, aquele bate-boca entre os dois era mais do que necessário por um único motivo: eles não se entendiam. Vindos de grupos diferentes do Haewadal, ambos tinham uma ideia diferente um do outro. Hyun dos rebeldes, sendo um dos maiores capetas que o mundo já viu e Yuri das the preppy girls, um dos grupos de garotas mais descolado da Haewadal.
Então já é de se imaginar que, pelo clichê, esses dois imaginam exatamente o que vêem, ou o que escutam um do outro.
─ Você tá achando que é mais inteligente do que eu, só porque seus pais tem mais dinheiro é? ─ Isso não saiu da boca de Jangyuri, mas a frase "meus pais são dos de uma das maiores empresas de tecnologia da Coreia do Sul", ajudou no julgamento. ─ Eu não tô nem aí!
─ Você faz jogos, e eu desenvolvo software e cuido de segurança cibernética... ─ Os dois chegaram no ponto de fazer comparações sem sentido que eles nunca fariam em outros momentos. ─ Quer mesmo comparar?
Hyunjae e Jangyuri gostavam de tecnologia, ponto. Claro que eles tinham suas áreas, mas em outro momento, essa discussão não existiria. Eles se juntariam para conversar sobre ambos os assuntos.
─ Você tá dizendo que você é melhor do que eu só porque faz isso? ─ Mesmo que não tenha saído da boca dela nessas palavras, foi o que Jae entendeu. ─ Essas coisas sem graças? Quem liga pra segurança de algo?
Hyunjae com certeza dizia isso por ter, com a ajuda de outra pestinha, vulgo Byeol Jisarang, hackeado jogos que ainda não haviam sido lançados, só para eles jogarem primeiro. É claro que ele diria que não liga... ele já foi um dos invasores.
─ Qualquer pessoa com um qi acima de 10. ─ Yuri cruzou os braços e passou a língua por cima dos dentes. ─ Acho que não é o seu caso.
Aquela cena estava simplesmente maravilhosa, com duas pessoas de roupas de banho, de férias, no que era para ser um momento de lazer, discutindo sobre nerdices.
─ Quem que você está chamando de burro? ─ Sabendo que ele tinham uma carta na manga, o Han sorriu já vitorioso. ─ Não se lembra quem colocou um balde de tinta verde no armário da professora de inglês com seu nome?
Han Hyunjae, um belo dia, estava entediado e resolveu sozinho ir devolver o troco para Kang Jangyuri, após a mesma dedurar para o professor que ele estava usando o celular para fazer a atividade. Não a culpe, esses dois tem um embate há um bom tempo, então já sabem que Hyunjae também não pegava leve! Portanto, nesse tal dia, Hyun levou dentro da bolsa um balde de tinta verde lacrado e, na hora do intervalo, foi até a sala dos professores e o colocou aberto dentro do armário da senhor Minhee. Quando ela abriu, espalhou tinta pela sala toda.
O mais interessante disso tudo foi uma caneta com o nome "Kang Jangyuri" ao lado da lata de tinta. Como a professora achou estranho, já que a garota não tinha essa índole, resolveu ver as câmeras e se deparou com a seguinte cena: uma pessoa, com uma fisionomia muito parecida com a da Kang, fazendo isso. Porém, o que ela não sabia era que na verdade, aquela pessoa era Hyunjae com uma peruca de cabelos longos e papel higiênico atrás da calça para formar uma bunda um pouco maior e na blusa, para fazer seios.
No fim, Yuri levou a culpa e ficou de castigo por um mês.
─ Ela me disse que sabia que era você, mas não tinha provas. ─ E mesmo sabendo, a professora foi obrigado a colocar a culpa na garota por causa das supostas provas da câmera de filmagem.
─ Não importa, a burrinha aqui foi você que levou a culpa! ─ Hyunjae apontou para Yuri, dando uma gargalhada sem fim.
Jangyuri olhou para os lados e pegou a primeira coisa que viu na sua frente para jogar na cara dele: a metade de um burrito de carne, que sujou todo o rosto do Han. Hyun, boquiaberto, nem pensou duas vezes antes de fazer o mesmo com ela, pegando a outra metade e fazendo o mesmo movimento ─ se vale de algo, ele tentou ser o mais delicado possível, se isso existir.
Basicamente todos seus colegas riram.
─ Não sei porque ainda converso com alguém que nem você, seu idiota! ─ Sentindo algum pedaços de comida caírem no seu biquíni, Jangyuri saiu correndo para achar um pano para limpar seu rosto. Mas não antes de desejar o pior. ─ Espero que seu jogo reinicie quando estiver na última fase!
─ E eu espero que todos seus computadores peguem um vírus! ─ Hyunjae gritou de volta, jurando para si mesmo a próxima vingança que teria que bolar.
Moon Youngsoo teria um grande trabalho se ela queria treinar suas habilidades de psicologia naquele acampamento. De um canto confortável em uma cadeira de pano, ela tinha a visão de quase todos eles. Apreciava a paisagem, ao mesmo tempo que se perguntava o que deu na sua cabeça para achar que aquela era uma boa ideia. 1) Apesar de querer ir ajudar sua amiga Love, Youngsoo não confiava em aplicativos de relacionamento. 2) Ela até poderia dar um conselho ou outro para quem precisasse, mas sabia que só Sarang conseguia resolver da "maneira dela". 3) Todas as alternativas anteriores e etc.
─ Aqui parece um bom lugar para ficar longe de problemas e ler um livro. ─ Kyungmi chegou de fininho ao lado da Moon, puxando a mesma cadeira confortável que ela estava sentada, para mais perto. ─ Hm, silêncio.
Youngsoo riu, concordando que ali era um bom lugar.
─ Verdade, ninguém passou por aqui querendo arrancar a cabeça de ninguém ainda. ─ A estudante de psicologia arrumou-se na cadeira, olhando para a Oh e para suas mãos, onde estava o livro. ─ Qual o livro da vez?
Moon tinham notado que no ensino médio , Kyungmi adorava ficar em um cantinho quieta para ler de vez em quando... longe de todo mundo. Aparentemente isso não mudou muito.
─ Esse? É ótimo! ─ Quase como se tivesse despertado seu lado "leitora voraz pronta para indicar um livro", Kyu mostrou a capa para ela. ─ É um mistério romântico!
─ Uau, não sabia que você gostava de romance. ─ Youngsoo falou, mas percebeu que Kyungmi não soube o que falar depois. Então achou que tinha sido inconveniente. ─ Não foi exatamente isso que eu quis dizer! ─ Tentou se retratar. ─ É que é uma surpresa interessante!
─ Também é uma novidade para mim... ─ Para alguém que normalmente apreciava mais mistério e suspense, esse gênero leh deixou curiosa. ─ Mas eu resolvi escrever um romance agora, então... vir para cá foi um dos motivos.
Kyungmi ficou chocada com ela mesma quando percebeu que estava contando coisas da sua vida para Youngsoo. Ela não era assim... não tinha tanta facilidade para falar esse tipo de coisa mais pessoal, quanto gostava de dar opiniões. As pessoas raramente sabiam verdadeiramente das suas intenções mais sentimentais ou profundas, porque a lógica era mais interessante de ser seguida nessa mundo atualmente.
─ Uh, parece ser legal! ─ A morena de cabelos longos bateu palminhas, comemorando. ─ Eu li k livro que você publicou, ele é incrível!
A escritora parou no tempo ao ouvir aquela última frase sair da boca de Moon Youngsoo e Ainda e ter sido elogiada por ela. Kyu olhou para lado e sorriu timidamente, sem mostrar os dentes. Suas orelhas já deviam estar vermelhas e suas bochechas ficariam longo mais se ela não se controlasse. Soo achava aquilo tão fofo! Foram raras ─ apenas umas duas vezes que ela viu Kyungmi tão "desabrochada". E falando com ela assim? Olha, elas estavam tendo um grande avanço!
─ Você leu? ─ Kyky queria saber o que Soo achou do livro, mas mesmo a futura psicóloga dizendo que gostou, tinha medo do feedback da importantíssima Moon. ─ É...
─ Sim, você é uma ótima escritora! ─ E não era só porque estava na frente de Kyungmi, mas Young realmente amou o livro e ficou presa em cada palavra que leu. ─ Vou estar ansiosa para ler seu proximo livro. ─ Ela disse, fazendo um joinha. ─ Se você for contar a história das pessoas aqui, espero que eu possa ser interessante pra aparecer!
─ Você é a mais interessante daqui, Moon Youngsoo. ─ Kyungmi respondeu com seus pensamentos em voz alta.
Dessa vez, foi Youngsoo que não soube o que falar e ficou um pouco envergonhada.
─ Quer tomar um banho? ─ Mais uma vez, falando meias palavras que poderiam ter contextos diferentes, Soo se retratou o mais rápido possível. ─ De cachoeira, claro!
A Moon quis se esconder após essa garfe.
─ Sim, eu adoraria!
Assim como Moon Youngsoo e Oh Kyungmi, o resto do grupo teve um tarde bem divertida. Entre fofocas do que já havia acontecido, olhares, sentimentos presos e outros em desenvolvimento, aquele dia era apenas um dos vários momentos que iriam acontecer. Sempre rodeado entre amigos, amores e romances dignos de uma história cheia de surpresas.
NOTAS
1. Como vocês estão? Espero que estejam bem ♥️. O capítulo demorou pra sair porque eu entrei em umas mini férias quando viajei e não fiz nada, mas já vou voltar a escrever normalmente!!! Como eu tô estudando pra concurso e vou começa a trabalhar, vou me organizar e tudo mais pra escrever e tal ─ mas nem se preocupem porque eu gosto muito de escrever yh, então não faltará capítulos.
Foram 15k de palavras nesse, daqui a pouco tô chegando em 20kkkkkkk.
2. Vim compartilhar com vocês a nova capa que fiz pra apply. Acho que não dava pra ver todos só clicando na história, então postei aqui. Acho que foi a mais demorada que já fiz por causa dos detalhes nos 22 personagens kkkkkk mas eu gostei, espero que vocês também.
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